Fisioterapia Pélvica e a Função Sexual na Pós-Menopausa: o que a ciência mostra

Por: Verônica Silveira 3 de julho de 2025

A menopausa traz muitas mudanças para o corpo — e isso inclui a saúde sexual. Nessa fase da vida, é comum surgirem queixas como queda do desejo, dor durante as relações, secura vaginal e desconforto na região íntima.

Esses sintomas estão diretamente ligados às alterações hormonais que ocorrem nesse período. Com o tempo, os músculos do assoalho pélvico podem perder força, elasticidade e coordenação, o que afeta o conforto e o prazer nas relações.

O que pouca gente sabe é que existe uma forma segura, natural e baseada em ciência para melhorar esses sintomas: a Fisioterapia Pélvica. Entre as estratégias mais estudadas está o Treinamento dos Músculos do Assoalho Pélvico (TMAP), um recurso importante no cuidado da função sexual após a menopausa.

O que dizem os estudos?
Dois estudos recentes trazem boas notícias para quem está nessa fase da vida e busca melhorar a saúde íntima:

Um ensaio clínico randomizado publicado em 2021 avaliou os efeitos de um programa supervisionado de fisioterapia pélvica durante 12 semanas em mulheres na pós-menopausa. As participantes relataram menos dor, mais conforto e maior satisfação nas relações — mesmo que os níveis de desejo, em números, não tenham mudado tanto. Ou seja, houve melhora significativa na qualidade da experiência sexual (Lima et al., 2021).

Já uma revisão sistemática publicada em 2024, que reuniu os resultados de 10 estudos com quase mil mulheres, concluiu que o TMAP melhora diferentes aspectos da função sexual: desejo, excitação, lubrificação, orgasmo e satisfação. Os melhores resultados foram observados quando o treinamento foi supervisionado por profissionais capacitados e mantido por pelo menos 8 semanas (Homsi et al., 2024).

Por que funciona?
Porque o trabalho com o assoalho pélvico vai muito além de “fortalecer músculo”.
O TMAP atua de forma ampla, promovendo:

Melhora da circulação na região genital

Aumento da lubrificação natural

Maior percepção corporal

Recuperação da resposta ao toque e ao prazer

Além disso, ajuda a aliviar sintomas comuns que impactam a sexualidade, como dor na relação, sensação de peso na pelve e perda de urina.

E o melhor: é um tratamento sem efeitos colaterais, que pode ser iniciado mesmo após muitos anos de menopausa, respeitando sempre o tempo e os limites de cada pessoa.

Um cuidado que vai além do físico
Cuidar da função sexual é também cuidar da autoestima, da intimidade e do direito ao prazer em todas as fases da vida.

A fisioterapia pélvica pode ser uma grande aliada nesse processo — com técnica, acolhimento e um olhar atento às necessidades individuais.

Se você sente que seu corpo mudou, que sua relação com a sexualidade está diferente ou que deseja se reconectar consigo de forma mais leve e prazerosa, talvez a fisioterapia pélvica seja o primeiro passo.

Referências:
Lima MM, de Oliveira E, da Silva DC, Riccetto C, Alexandre SM. Pelvic Floor Muscle Training Effect in Sexual Function in Postmenopausal Women: A Randomized Controlled Trial. J Sex Med. 2021;18(12):1963–1971. doi:10.1016/j.jsxm.2021.09.012

Homsi CR, Fonseca AM, Santos M, Riccetto C. Effect of pelvic floor muscle training on sexual function in women: a systematic review. Int Urogynecol J. 2024. doi:10.1007/s00192-024-05606-6

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